Não me canso de dizer: existem atletas em Portugal que não podem deixar de fazer aquilo que devem fazer por não ter recursos. Com alguns atletas, o dinheiro gasto é um investimento, com risco, mas com uma considerável probabilidade de ser um investimento rentável. Há mais atletas, mas acredito que comigo trabalham alguns deles. Aliás, não é novidade para ninguém que, com um desses atletas, a FPT já começou a ter retorno de algum do investimento que efectivamente fez nas selecções nacionais, recentemente. Mas mesmo assim, esse atleta ainda tem de andar a "pedinchar" apoios para poder fazer o programa que deve fazer (correndo-se o risco de não o poder fazer!), enquanto se vai desbaratando recursos em atletas que não sabemos onde vão chegar, mas que temos poucas dúvidas de onde não chegarão certamente. Pela tradição, muitos deles acabaram e bem, na universidade com estatuto de alta-competição. Todos os casos de sucesso do nosso ténis foram consequência de projectos totalmente privados com apoios pontuais e, na maioria das vezes residuais, por parte da FPT. Em contra-partida têm sido gastos ao longo das ultimas décadas largos milhares de euros com apoios dispersos a dezenas ou centenas de atletas que nunca fizeram carreira no ténis. É duro, não é simpático dizê-lo, mas é a verdade! É mais fácil à FPT do que a uma qualquer empresa privada investir nos atletas que poderão mudar o nosso ténis: tem acesso a dinheiros públicos e pode ter acesso a dinheiros privados, está dentro da modalidade e deve saber melhor que qualquer empresa em que atletas deverá investir e, por fim, pode ter um retorno desse investimento muito superior a qualquer empresa privada. Também tenho dificuldade em entender esta política de distribuição de recursos, que tem tantos anos, e que nunca deu resultado! Compreendo que seja mais politicamente correcta, obrigue a decisões mais pacíficas e menos arriscadas. É óbvio que o ideal seria dar condições a um grupo alargado de atletas. E quanto mais novos, mais alargado. Eu também sei que este é o princípio correcto! O problema é que isso não é possível e deveríamos ter a capacidade de ser pragmáticos. Basicamente, com os recursos que existem na FPT, o que está em cima da mesa é: ou se apoia efectivamente alguém ou se distribui por muitos e, na prática, ninguém beneficia desse apoio. Esta estratégia até pode servir para se elevar o nível médio do ténis português (mesmo assim, pelo que vejo por aí, não me parece que seja verdade!). Tenho dúvidas que, se o objectivo for tentar colocar jogadores portugueses no top do circuito profissional, este seja o melhor caminho. Ou então, vamos continuar apenas dependentes da sorte de um desses "talentos" também ter muitos milhares de euros para investir na sua carreira. O nível médio do ténis português vai melhorar quando tivermos uma ou mais "estrelas" no circuito, quando os clubes tiverem cheios de crianças a jogar ténis, quando o ténis aparecer na TV todos os dias, quando as empresas virem o ténis como uma modalidade para investir. Já é hora de definir objectivos e orientações claras para os atingir, assumindo os riscos das opções tomadas. Na verdade, e pelo nosso historial, há muito a ganhar e pouco a perder.
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