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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ideias para uma melhor FPT

Já sei que é mais fácil falar (ou escrever) do que fazer! Também sei que muitas das ideias, quando estando no "terreno", nem sempre são fáceis de pôr em prática. No entanto, acho que ao longo destes anos muita coisa podia ter sido feita, ou pelo menos tentada, e talvez hoje o ténis estivesse melhor. Tenho admiração pela grande maioria dos presidentes da FPT dos últimos anos. Tenho plena convicção que todos aqueles que conheci pessoalmente, eram pessoas sérias, dedicadas, que deram muito do seu tempo à FPT de forma desinteressada e que tentaram fazer o que melhor que podiam para desenvolver o ténis em Portugal. Infelizmente, e por variadas razões, nenhum deles conseguiu resolver os problemas crónicos da FPT. Neste artigo vou-me debruçar sobre algumas das muitas ideias que poderiam mudar o panorama da FPT e do ténis nacional.

A primeira ideia, e talvez mais importante, tem a ver com o financiamento da FPT. É urgente a FPT arranjar formas de auto-financiamento. Esse auto-finaciamento tem de nascer de projectos válidos e não estar, como tem estado, apenas dependente da "esmola" dos patrocinadores. Muito pouco tem sido feito pela FPT para se financiar, de forma a depender menos dos apoios do estado. É verdade que a FPT não é uma empresa mas deveria, em muitos aspectos, funcionar como tal. As federações mais ricas são aquelas que organizam torneios, nomeadamente os Grand Slam. E estes torneios não são mais do que grandes negócios, que dão lucros de milhões. Não temos, nem podemos vir a ter torneios do Grand Slam, mas poderiam ser criadas outras formas de gerar receitas. Existe sempre o argumento de que a federação não deve estar no "mercado" a concorrer com outros agentes do ténis. É sempre um bom argumento para não se fazer nada, mas não posso concordar. Para todos os efeitos, o principio deve ser: a FPT pode concorrer contra alguns se, com isso, puder favorecer muitos! Em meu entender, a grande diferença entre uma federação e uma empresa é que a empresa busca o lucro e este, a existir, será entregue aos seus accionistas. Uma federação também pode perseguir o lucro, mas este deve ser investido em prol da modalidade ou, para melhor fazer o paralelo, deve ser distribuído pelos "accionistas" do ténis, que no fundo são todos os clubes, praticantes federados, atletas de alto-rendimento, etc. A principal aposta da FPT para aumentar as suas receitas tem sido a sensibilização para o aumento do número de federados. Concordo com o principio e é uma estratégia legítima da FPT para aumentar as suas receitas e o seu peso político. No entanto, e pelo que se vê, não chega. É preciso fazer mais. Para além disso, é uma medida que não gera receita através da acção directa da FPT. Acaba pode ser uma medida que passa, em grande parte, a responsabilidade de financiamento da FPT para os clubes. O problema acrescido é que, actualmente, a licença federativa também acaba por ser um "peso" para os clubes, também eles a passar por grandes dificuldades.

Outra ponto fundamental é a extinção de grande parte das associações regionais. Não consigo entender a lógica de um país com a nossa dimensão ter mais de 10 associações regionais. É urgente acabar com grande parte delas. Se na altura em que foram pensadas já não faziam muito sentido, hoje estão completamente desajustadas da realidade. Os centros regionais de treino nunca avançaram, as auto-estradas encurtaram distâncias, a internet veio facilitar a comunicação, etc. Actualmente, as associações regionais representam um gasto completamente desajustado relativamente à sua contribuição para o ténis, contribuição essa, que em muitos casos, é próxima de zero. A grande maioria delas apenas multiplicam custos completamente desnecessários, limitando-se a fazer pouco mais do que um papel de intermediário administrativo da FPT. Para o nosso ténis, cinco associações regionais chegavam e sobravam: Norte, Centro, Sul, Madeira e Açores. Os responsáveis pelas associações regionais deviam entender isto e ser, eles próprios, a propor esta alteração aos estatutos da FPT. Por aquilo que vejo, a maioria das associações regionais não valem por aquilo que fazem. Valem apenas pelo poder que os estatutos da FPT lhes deu sobre o seu próprio funcionamento. Os responsáveis pelas ARs, se estão cá para servir a modalidade, deviam tomar a iniciativa e propor a sua própria integração numa associação regional maior e mais forte. Para bem do ténis.

Por último, e não menos importante, é a criação de um PROGRAMA para o ténis nacional. Um programa que seja alvo de uma discussão alargada e onde estejam definidos os objectivos para o ténis nacional a médio-longo prazo. Onde sejam claras as metas a atingir e se definam os caminhos para lá chegar. Ninguém sabe muito bem para que servem alguns projectos da FPT. Como não se sabe muito bem para que servem e quais são os seus verdadeiros objectivos, também não se pode avaliar os resultados, nem responsabilizar os seus responsáveis. Esta prática é muito normal nas instituições que vivem do dinheiro "público", onde o dinheiro acaba por ser gasto com pouco critério. Também aqui se deveria aprender alguma coisa com as boas práticas das empresas. A verdade é que a federação, nas últimas décadas, tem gasto muitos recursos, com poucos resultados práticos.






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