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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A inevitável pergunta

Porque nunca existiram jogadores portugueses nos primeiros lugares do ranking ATP? Esta é uma pergunta que me colocam frequentemente, principalmente pessoas que não estão ligadas ao ténis. A minha resposta também é sempre a mesma: por um conjunto de factores. Seguida de algumas interrogações: será que é um problema exclusivo do nosso ténis? Não será um problema transversal ao nosso desporto (talvez com excepção do futebol)? Em Portugal, que modalidade individual altamente profissionalizada e global, tem 2 atletas entre os 100 melhores do Mundo? Poderão responder: atletismo, judo, ginástica, etc...é verdade que temos grandes atletas nestas modalidades, mas não esquecer que o judo se divide em várias categorias e a ginástica e o atletismo são constituídos por várias provas. O ténis é uma modalidade com muita adesão e competitividade em todas as partes do Mundo, da Europa, aos EUA, América do Sul, Austrália e, mais recentemente, com uma grande expansão nos países asiáticos. E só existe um ranking, que engloba todos os atletas profissionais! Penso mesmo que, para o nível geral do nosso desporto, o ténis tem conseguido fazer grandes proezas!

Voltando às nossas dificuldades...é muito difícil competir com grandes potências do desporto mundial quando a nossa base de recrutamento é muito pequena, embora isto não justifique tudo (potências do ténis como a Bélgica e a Suécia também o são). Somos um país periférico na Europa, o que num desporto que obriga a competir internacionalmente de forma sistemática, obriga a deslocamentos maiores e a custos mais elevados. A nós não nos basta ter talentos e grandes resultados na formação, ainda temos de ter a sorte desses talentos terem milhares de euros disponíveis para investir na sua carreira. Em qualquer país desenvolvido desportivamente é impensável um "potencial campeão" ser desperdiçado por não ter apoios para dar continuidade à sua carreira, sejam eles públicos ou privados. Em Portugal, os nossos atletas têm de ser autênticos heróis para conseguirem conciliar os estudos com o treino de alto-rendimento, ainda mais numa modalidade exigente como o ténis, que obriga a muitas horas de treino diário e a semanas consecutivas de viagens pelo estrangeiro. Os países desenvolvidos desportivamente valorizam estes jovens e vêem neles futuras "bandeiras" do país, criando-lhes todas as condições que lhes permitam dar continuidade aos estudos, sem colocar em causa a sua formação desportiva (horários próprios, estudo online, etc). Como somos menos e não temos historial no ténis, para conseguirmos competir com os melhores do mundo temos de ter melhores condições materiais e humanas. Temos de ser mais exigentes na formação de treinadores e melhorar as infra-estruturas de apoio aos melhores atletas.

Nos últimos anos têm sido dados passos importantes para a melhoria do nosso ténis. Se algumas das dificuldades acima mencionadas são dificeis de ultrapassar (não podemos aumentar a população nem mudar Portugal para o centro da Europa!), outras dependem apenas do trabalho que todos nós, que estamos no ténis, continuarmos a tentar fazer.

1 comentário:

  1. Há muito trabalho a fazer especialmente na Federação e Associações distritais para convencer as escolas, o estado, os Pais, e o País do interesse em melhorar as condições dos nossos desportistas num desporto tão complicado e competitivo como o ténis. Boa!

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