(Escrito para Jornal OJE - Outubro de 2012)
O Grand Slam
Este ano tive a oportunidade de, pela primeira vez, estar
presente nos quatro torneios de Grand Slam em ténis: Open Austrália
(Melbourne), Roland Garros (Paris), Wimbledon (Londres) e US Open (Nova Iorque).
Qualquer um destes eventos, embora com ambientes diferentes, impressiona pela
sua grandiosidade. Durante quinze dias, estas cidades “respiram” ténis. Em
qualquer um dos torneios do Grand Slam, fiquei impressionado pela forma como as
pessoas “vivem” o evento. São os outdoors
por toda a parte, as televisões em directo nos cafés, bares e restaurantes, as
centenas de carros oficiais a circular pelas ruas e, claro, muitas centenas de intervenientes a deambular
pela cidade, desde os próprios jogadores, a treinadores, árbitros e pessoal do staff da prova.
Em Wimbledon revive-se a história da modalidade num ambiente
tipicamente british, onde a tradição
ainda hoje impõe regras únicas (é o único torneio do mundo onde os jogadores
são obrigados a equipar-se totalmente de branco). A relva dos campos, as flores
a ornamentar todo o recinto do torneio, os balcões a vender morangos com
chantili e a chuva constante completam o cenário muito próprio de Wimbledon.
No US Open, o ambiente é tipicamente americano embora seja
perceptível a presença de muitos milhares de espectadores “turistas” que,
juntando o útil ao agradável, aproveitam também para visitar a Big Apple.
Animação nas bancadas, muita música, as entrevistas em pleno court no final dos
encontros e o fast food também são
imagens de marca do Grand Slam americano. Na Austrália, predomina o estilo cool, com milhares de pessoas espalhadas
pelo recinto, muita festa nas bancadas e muita cerveja para ajudar a
ultrapassar o abrasador calor australiano.
O ténis em terra batida é talvez o mais apreciado pelos
espectadores. O jogo é mais físico, mais longo e as estrelas que vencem em
Paris são normalmente considerados verdadeiros “guerreiros” pela sua capacidade
física e mental. Roland Garros junta milhares de crianças, jovens e menos
jovens, todos na ânsia de ver o melhor ténis do Mundo sobre terra batida.
Todos os torneios do Grand Slam têm em comum o facto de
serem autênticos negócios de milhões. Os bilhetes disponíveis para venda estão
sistematicamente esgotados. Os sponsors,
a restauração, o merchadising e os direitos de transmissão televisiva são
algumas das formas de financiamento destes eventos milionários. Quem tem acesso
aos bastidores facilmente se apercebe da complexidade que envolve a sua
organização. São milhares de colaboradores recrutados para um evento que dura
apenas quinze dias.
Felizmente, uma grande fatia dos lucros angariados na
organização destes torneios são canalizados para o desenvolvimento do ténis nos
seus países. Não é por acaso que os países que organizam torneios do Grand Slam
são dos que mais investem na promoção da modalidade e na formação de jovens
talentos. Todos eles têm o sonho de ver, um dia, um tenista da casa a vencer o
seu torneio. Grande parte dos lucros obtidos são canalizados para as
respectivas federações nacionais para serem investidos no apoio à carreira de
jovens tenistas.
Que falta nos fazia um torneio de Grand Slam!
Pedro Felner
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