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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A teoria e a realidade do CAR (parte I)


Nunca comentei publicamente este CAR. Admiro as pessoas que lá trabalham mas acho que trabalham num conceito que está errado à nascença. No seu segundo ano de funcionamento, confirmam-se as piores, mas esperadas, expectativas. Tive a possibilidade de falar com o presidente da FPT antes do lançamento do CAR e lhe dar a minha opinião sobre o projecto: sou a favor do CAR. Sou, como sempre fui, contra este modelo de CAR. Sou a favor de um CAR que “lute” por ter jogadores top100 em Portugal, independentemente das suas opções técnicas.

Admiro o Presidente da FPT. Acho que está a fazer um excelente trabalho em algumas áreas. É um homem com uma grande paixão pelo ténis e de convicções fortes. Voltar a ter um centro de alto-rendimento na FPT era, e muito bem, uma ambição que tornou publica desde inicio. O problema foi ter acreditado que o novo CAR, com um modelo rigorosamente igual ao anterior, iria ter o sucesso que o anterior não teve. Pensava que tudo seria diferente se mudasse as “caras” do projeto e se arranjasse uma carrinha para pôr os nossos jogadores a competir regularmente nos futures da Península Ibérica.  

Temos de ser claros e falar verdade. Temos de assumir quais os objectivos do CAR. O Estado, que patrocina o CAR, deveria saber quais os verdadeiros objectivos que persegue o CAR. E deveria avaliar esses resultados. Só neste país se dá dinheiro a fundo perdido para projetos de alta-competição sem avaliar resultados e sem pedir explicações aos seus responsáveis. Se o objectivo deste CAR é formar jogadores Top100, queremos saber em quantos anos e quais os objectivos/resultados que se comprometem a alcançar até lá chegar.

Será que o Estado, que investe milhares de euros num projeto que publicamente anunciou que tem como objectivo colocar jogadores portugueses no Top100 ATP tem noção que, em Portugal, um jogador com 19 anos que está no Top300 ATP não tem nenhum enquadramento neste CAR e não recebe 1 euro de apoio? 

Sejamos claros: ou queremos que o CAR seja uma estrutura gratuita de apoio a jogadores portugueses, com maior ou menor potencial, ou queremos que o CAR seja um projeto que tenha como finalidade ultima apoiar os atletas portugueses com mais possibilidades de chegar ao tal objectivo do Top100 do Mundo. Ou queremos que o CAR seja essencialmente (e salvo algumas honrosas excepções) um projeto que ajude a elevar o nível médio do nosso ténis, ajude os atletas a obter estatutos de alta-competição e a formar bons jogadores para as universidades americanas, ou queremos um CAR que invista tudo o que tem para apoiar aqueles que têm mais possibilidade de chegar ao top mundial. Pelos vistos este modelo de CAR quer as duas coisas, mas muito dificilmente irá alcançar a ultima. 

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