Nunca comentei publicamente este CAR. Admiro as pessoas que lá trabalham mas acho que trabalham num conceito que está errado à nascença. No seu
segundo ano de funcionamento, confirmam-se as piores, mas esperadas,
expectativas. Tive a possibilidade de falar com o presidente da FPT antes do
lançamento do CAR e lhe dar a minha opinião sobre o projecto: sou a favor do
CAR. Sou, como sempre fui, contra este modelo de CAR. Sou a favor de um CAR que
“lute” por ter jogadores top100 em Portugal, independentemente das suas opções
técnicas.
Admiro o Presidente da FPT. Acho que está a fazer um
excelente trabalho em algumas áreas. É um homem com uma grande paixão pelo
ténis e de convicções fortes. Voltar a ter um centro de alto-rendimento na FPT
era, e muito bem, uma ambição que tornou publica desde inicio. O problema foi ter
acreditado que o novo CAR, com um modelo rigorosamente igual ao anterior, iria
ter o sucesso que o anterior não teve. Pensava que tudo seria diferente se
mudasse as “caras” do projeto e se arranjasse uma carrinha para pôr os nossos
jogadores a competir regularmente nos futures da Península Ibérica.
Temos de ser claros e falar verdade. Temos de assumir quais
os objectivos do CAR. O Estado, que patrocina o CAR, deveria saber quais os
verdadeiros objectivos que persegue o CAR. E deveria avaliar esses resultados.
Só neste país se dá dinheiro a fundo perdido para projetos de alta-competição
sem avaliar resultados e sem pedir explicações aos seus responsáveis. Se o
objectivo deste CAR é formar jogadores Top100, queremos saber em quantos anos e
quais os objectivos/resultados que se comprometem a alcançar até lá chegar.
Será que o Estado, que investe milhares de euros num projeto que publicamente anunciou que tem como objectivo colocar jogadores portugueses no Top100 ATP tem noção que, em Portugal, um jogador com 19
anos que está no Top300 ATP não tem nenhum enquadramento neste CAR e não recebe
1 euro de apoio?
Sejamos claros: ou queremos que o CAR seja uma estrutura gratuita
de apoio a jogadores portugueses, com maior ou menor potencial, ou queremos que o CAR seja um projeto que tenha como finalidade ultima
apoiar os atletas portugueses com mais possibilidades de chegar ao tal objectivo do Top100 do Mundo.
Ou queremos que o CAR seja essencialmente (e salvo algumas honrosas excepções) um projeto que ajude a elevar o nível médio do nosso
ténis, ajude os atletas a obter estatutos de alta-competição e a formar bons
jogadores para as universidades americanas, ou queremos um CAR que invista tudo
o que tem para apoiar aqueles que têm mais possibilidade de chegar ao top
mundial. Pelos vistos este modelo de CAR quer as duas coisas, mas muito dificilmente irá alcançar a
ultima.
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